domingo, 23 de fevereiro de 2014

Domingo à tarde


"Portugal em Festa". Se festa em Portugal for sinónimo de ouvir o Melão ou de ver o José Figueiras novamente empregado.

Já lá vai o tempo em que, aos domingos, me podia dar ao luxo de, no sofá, assistir a uma sequela do "American Pie" ou do "Die Hard". Hoje vejo o lar de Moscavide a fletir as pernas se estes programas forem em Moscavide, ou o lar da Póvoa repleto de chapéus da "OK Teleseguros", caso os programas se desenrolem na Póvoa do Varzim.

O que vale é que os programas não são muito grandes. Têm 5 horas. Passa num instante. Ou passava, se trocassem o tempo de antena que dão ao Nuno Eiró ou ao Figueiras pelo que têm as dançarinas que acompanham os "músicos" que actuam. Que vêm quase sempre de biquíni, mesmo quando existe uma forte probabilidade de passar um tornado pelo palco. Grande profissionalismo, que enalteço e encorajo. 

Mas não chega. Ver de vez em quando possíveis próximas concorrentes da "Casa dos Segredos" a dançar não é razão suficiente para me fazerem assistir a estes canais generalistas no domingo à tarde. Algo que não se aplica ao meu avô. O que também não é difícil.

Um problema chato que aparece aqui é o facto de estes programas vincarem tudo aquilo que está errado na cultura do nosso país. Música pimba, o José Figueiras e o 760 qualquer coisa, que se agrava quando a Júlia Pinheiro o entoa. Já fiz referência ao facto de não gostar do José Figueiras?

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Pago com batatas


Os impostos aumentaram para os viticultores e pequenos agricultores. Eles quiseram protestar. Quiseram pagar à Segurança Social em géneros. Levaram batatas e coentros.

O maior controlo feito a esta actividade, que ainda é o ganha-pão de muitos cidadãos que, regularmente assistem ao vivo ao “Preço Certo”, provocou uma onda de manifestos em frente à Segurança Social, com o objectivo de mostrar indignação e desconforto. Assim como criatividade. De forma irónica, os trabalhadores presentearam o edifício com todo o tipo de vegetais que conseguiram trazer dos seus jardins. E animais. Também haviam lá uns coelhos a saltar de um lado para o outro, e que desejavam falecer. Isto para “tentarem” pagar os seus impostos com os produtos que desenvolvem, ao invés de o fazerem com dinheiro, dada a sua escassez.

Como é óbvio, da iniciativa apenas se pôde retirar algum humor, misturado com uma manifestação que me alegrou bastante o dia. E de forma ainda mais acentuada, à medida que, ao longo da reportagem, surgiam algumas pessoas que, com uma grande convicção, acreditavam mesmo que seria possível efectuar o pagamento com feijão: “Dantes éramos presos era se não viéssemos pagar. Agora, vem aqui uma pessoa, de boa vontade, e não nos deixam pagar em géneros. Não se faz.” Infelizmente parece que o governo só aceita dinheiro. Mas fico com a ideia de que se os impostos tivessem sido aumentados nos bordéis, a história era outra.

Os documentos da viatura


Beber menos, pagar mais e bicicletas que pensam que são carros. Eis o novo código da estrada.

Portanto, foi implementado um novo limite de álcool no sangue para os primeiros três anos de todos os indivíduos que adquirirem a carta de condução. Forma mais fácil de tirar dinheiro a um condutor não existe, senão a um jovem delinquente, que, se for mesmo obrigado a levar o carro em viagem com os seus amigos, numa noite repleta de whiskey, música e javardice, nunca mais se vai lembrar de que não pode ultrapassar os 0,2g/l.

Surge também uma lei que impede a circulação incorrecta nas rotundas. Isto é muito bom. Acabou-se a carrinha da “Frigoríficos&Frigoríficos S.A.” que vem pela direita, mas que apenas quer virar na quarta saída. E que nos faz ter de parar no centro da rotunda, quase dando início a um acidente relativamente violento. E que no final ainda fica admirado por ser apelidado de retardado mental. Isto se o dia nos tiver corrido bem.

Por fim, o ciclista ganha agora direitos equivalentes aos de qualquer outro condutor. É difícil avaliar esta situação. Possuindo uma bicicleta, mas não fazendo muito uso dela, fico chateado. Ora, andam devagar e, se tiverem aptências comparáveis às minhas, andam aos s’s. Só estorvam. Para um ciclista, acredito que seja o alcançar de uma meta há muito desejada. São opiniões.

Felizmente, estas não são as únicas alterações que foram feitas ao código da estrada. Felizmente, se chegarem ao final do ano e gostarem de verificar em que é que tiveram mais despesas, por comparação com o ano anterior, e chegarem à conclusão que foram em multas.

É natal


Natal… Sobremesas tão boas durante tantos dias. Se não fossem todas à base de frutos ou vegetais.

Portanto, imagino que muita gente possa ter a satisfação de se sentar à mesa e enfardar os típicos “doces” natalícios de que tanto gostam. Pois, isso não acontece comigo, infelizmente. E, para ser sincero, custa-me acreditar que o comum dos mortais aprecie assim tanto comer doces e bolos que poderiam muito bem pertencer ao cartaz de uma feira de legumes, em Marco de Canavezes.

A palavra ‘doce’ aparece aqui com um efeito um pouco contraditório. É doce, mas pouquinho. Porque não me enganam com rabanadas, que acabam por ser só pão com molho e açúcar. Ainda por cima côdeas. Vou agora comer côdeas… Nem com Bolo Rei. Rei de quê? Das passas? Ou das pevides? O que é feito do bolo de chocolate, bolo de bolacha ou até mesmo do bolo de “qualquer coisa doce”? Já para não falar destes: arroz doce, sonhos de abóbora, aletria e azevias de batata-doce. Todas estes têm na sua composição, nomes de legumes ou de fruta. Pondero se há muito tempo, na data de criação destas iguarias, o responsável não terá sido um cavalo ou uma girafa.

Mas é pena. Se não são os doces que me fazem gostar do natal, sobram as prendas e a família. Como prendas agora são à base de meias e postais, fruto do trabalho dos cabeçud… políticos do nosso país, fico-me pelo vinho do porto e jogos de lerpa com os meus avós.

Futebol de Segunda: Cérebro de Platini



Já não é novidade que Michel Platini, velho amigo das cores lusas, por inúmeras vezes, nos presenteie com todo o tipo de postas de pescada. Mas sobretudo daquelas mal passadas, em que ainda se consegue ver a gosma do peixe. Tivémos palpites de finalistas para o campeonato europeu, polémicas com a Bola de Ouro, e, mais recentemente, Platini apanha todo o mundo futebolístico desprevenido e… sugere o fim dos cartões amarelos. Pois é… Para quê continuar a utilizar um sistema de disciplina que, apesar de uma inconsistência ou outra, funciona tão bem há tanto tempo? É acabar com isso.

Segundo o presidente da UEFA, talvez possa ser uma melhor opção punir o infractor com o afastamento do jogo, durante um período de 10 ou 15 minutos. Estou a imaginar quem lucraria com isto. O Pepe e o Bruno Alves eram capazes de fazer um brilharete já no Mundial de 2014, caso este sistema fosse posto em prática. Vamos imaginar. De 10 em 10 minutos, era-lhes permitida uma entrada faltosa que não excedesse os limites para o cartão amarelo, que neste caso seria um pequeno afastamento do jogo. Ora com uma entrada deste género, imagino na perfeição que estes dois conseguissem, à vontade, lesionar pelo menos meia dúzia de adversários. No mínimo. Que se o dia tivesse corrido mal ao Pepe, não saía dali sem lesionar uns 8 ou 9. O que seria um jogo bem conseguido. A única precaução seria não incorrer numa contra-ordenação para cartão vermelho. O que se tornaria uma tarefa fácil, evitando a participação de João Pereira.

Então, após análise cuidada destas declarações, deixem-me atribuir um prémio para cada interveniente. Para Platini, prémio Bola de Génio. Para Pepe e Bruno Alves, prémio Bola de Tesoureiro. Ah, e para Ronaldo, prémio Bola de Ouro.

Não gosto, mas pode ser


Eu já não gostava de Pepsi. Não era preciso um anuncio publicitário em que o Cristiano Ronaldo fosse vítima de bruxedo, para que eu passasse a optar pela bela Coca-Cola.

Ora, sei que o facto de a população portuguesa adquirir mais uma razão para não ingerir esta espécie de sumo de uva com água castelo, não afecta o poderio financeiro da marca. Mas se for para fazer um boicote, eu participo.

Está aqui a oportunidade de os portugueses fazerem frente ao empregado que nos responde: “Coca-Cola não temos. Pepsi, pode ser?”. Está aqui a iniciativa de que o cliente precisava para não se deixar ficar por um refrigerante de sabor mediano, mas com um custo igual ao de todos os outros. Isto porque, infelizmente, o povo português precisa sempre de algo mais, para além do motivo principal, para rejeitar uma má proposta. – “Bebes vinho?” “Não gosto, mas pronto, agora já serviste…”. “ Queres este quilo e meio de bolos sortidos?” “Oh diabo, que eu tenho diabetes… Mas pronto, agora já estou a segurar no saco…”.

Aparentemente, existe um movimento “deixa andar” de que somos todos grandes adeptos. Pode ser que com mais um ou outro motivo, as pessoas fiquem de tal forma incomodadas com a proposta, que se cheguem à frente e digam que não. Sobretudo se um dos motivos levar algum patriotismo. Porque podemos falar mal do nosso país à vontade. Mas só entre nós. Se aparecer alguém de fora para nos achincalhar, fica tudo de cabeça perdida.

Portanto, talvez agora, os 90%  da população que não apreciam  Pepsi, deixem, de facto, de a beber. “Se o único motivo que eu tivesse fosse não gostar, podia ser. Mas ia agora beber o sumo que queria atropelar o nosso Ronaldo… Só se fosse maluco…”.
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Música para alguns


É um privilégio o mundo em que hoje vivemos poder acolher músicos como Miley Cyrus ou Justin Bieber. Assim como é um facto eu adorar ironia.

Não é pelo facto de qualquer um destes artistas fazer um tipo de música que eu considero má. É pelo facto de qualquer um destes artistas fazer um tipo de música que eu considero muito má, e, como se não fosse razão suficiente, tentarem transformar esta relíquia da cultura num universo que nada tem a ver com o que é suposto ser música.

É com tristeza que posso hoje assistir ao que artistas, como os referidos em cima, trazem ao mundo. Desde as formas que utilizam para trazerem até si os focos da sociedade, às entidades que fazem das suas acções, notícias. Ora, ser músico não é acordar, pensar no próximo balde do lixo em que se pretende urinar, subir a um palco e cantar. Ou almoçar, lamber um martelo e subir a um palco para cantar. Ou melhor, até poderia ser, mas apenas se o último passo estivesse bem feito. Não me aquece nem arrefece que Jim Morrison quisesse estar sob o efeito de narcóticos durante um concerto. Continuaria a ser espectacular. Até melhor, talvez.

Foco aqui sobretudo estes dois indivíduos em especial, porque parecem-me ser os casos mais graves que, dia após dia, a música combate até à exaustão, já com um olho negro e sangue a escorrer pela boca, sem nunca baixar os braços.

Bom, vou até ali dançar com uma anã, volto em breve.






Parabéns a você


Existem inúmeras tradições inquestionáveis no panorama familiar português. Quero aqui incidir sobre aquele ritual específico que decorre durante uma festa de aniversário, demora cerca de 10 minutos e reúne a atenção de todos os presentes. Um bolo, uma garrafa de champanhe e um agregado familiar que aparente boa-disposição parecem-me ser os ingredientes-chave, para que se desenrole um processo, que pode ter tanto de bonito, como de patético.

Apagam-se as luzes e abrem-se as hostilidades com uma espécie de cantoria coral, muito mal afinada, cuja letra remete para o desejo de uma vida próspera e saudável para o indivíduo que se encontra entre os convidados. Este fica sem perceber a sua função ali no meio. Acompanhar o musical, bater palmas, esboçar um sorriso amarelo… existem inúmeras opções. Nenhuma destas torna menos embaraçosa a situação. Ora, já todos lhe deram os parabéns, o que me faz questionar o seguinte. Porquê esta dança tribal em torno do aniversariante, tal e qual o ritual que se faz ao javali, acabado de caçar, em Djambala, algures em África?

Segue-se um combate de copos de vidro, exclusivamente preenchidos com champanhe. “Querem vinho ou qualquer outro tipo de refrigerante? Depois do brinde, se fizerem o favor.” Aparentemente, aqui, qualquer outro tipo de bebida utilizada para brindar, é um insulto para com o aniversariante. Recapitulando: copos de vidro, ali, à bruta, uns contra os outros. Para ver se se provoca um acidente grave, em que alguém termina com um projéctil de vidro no olho.

Para finalizar, um bolo, muitas vezes comprado no Pingo Doce, e cujo chantilly aparenta ter a idade de um avô que passa a tarde a acompanhar o “Portugal no Coração”, à espera de saber qual o próximo pastel que José Carlos Malato vai ingerir. Muito mais confortável, na minha opinião.

Oh RTP...



"Breviário Biltre… que desporto é esse?", pensei eu. Não é nenhum desporto, é o título do mais recente programa de "comédia" da RTP, viria eu a descobrir.

Ora, depois de alguma pesquisa, pude apurar que o título sugere uma composição de sketches humorísticos que envolvem os mais disparatados temas e situações. Algo animado por ver na programação televisiva portuguesa ser acrescentado um programa de humor, dei-lhe uma oportunidade. Rapidamente me apercebi do que estava à minha frente. Acertaram num ponto, erraram no outro. Os temas, de facto, focam situações ridículas. O humor, procurei-o durante 30 minutos, e não houve sinal dele.

Mas atenção, é de louvar a insistente tentativa por parte da estação pública, em implementar, no seu horário nobre, um programa que cubra a necessidade humana de dar umas boas gargalhadas. É pena é ter vindo a falhar. Sim, porque não vou considerar o "AntiCrise" um programa de sucesso. Ouvia sempre uma pequena voz de socorro, vinda do interior de Rui Unas, quando gravava os seus sketches.

O problema é simples. O Eduardo Madeira e o Manuel Marques têm um sentido de humor estranho. Para facilitar a compreensão de quem lê, o sentido de humor deles, para mim, é basicamente igual ao sentido de cumplicidade e amor pelo próximo que tem o Pepe. Nenhum.