sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Não gosto, mas pode ser


Eu já não gostava de Pepsi. Não era preciso um anuncio publicitário em que o Cristiano Ronaldo fosse vítima de bruxedo, para que eu passasse a optar pela bela Coca-Cola.

Ora, sei que o facto de a população portuguesa adquirir mais uma razão para não ingerir esta espécie de sumo de uva com água castelo, não afecta o poderio financeiro da marca. Mas se for para fazer um boicote, eu participo.

Está aqui a oportunidade de os portugueses fazerem frente ao empregado que nos responde: “Coca-Cola não temos. Pepsi, pode ser?”. Está aqui a iniciativa de que o cliente precisava para não se deixar ficar por um refrigerante de sabor mediano, mas com um custo igual ao de todos os outros. Isto porque, infelizmente, o povo português precisa sempre de algo mais, para além do motivo principal, para rejeitar uma má proposta. – “Bebes vinho?” “Não gosto, mas pronto, agora já serviste…”. “ Queres este quilo e meio de bolos sortidos?” “Oh diabo, que eu tenho diabetes… Mas pronto, agora já estou a segurar no saco…”.

Aparentemente, existe um movimento “deixa andar” de que somos todos grandes adeptos. Pode ser que com mais um ou outro motivo, as pessoas fiquem de tal forma incomodadas com a proposta, que se cheguem à frente e digam que não. Sobretudo se um dos motivos levar algum patriotismo. Porque podemos falar mal do nosso país à vontade. Mas só entre nós. Se aparecer alguém de fora para nos achincalhar, fica tudo de cabeça perdida.

Portanto, talvez agora, os 90%  da população que não apreciam  Pepsi, deixem, de facto, de a beber. “Se o único motivo que eu tivesse fosse não gostar, podia ser. Mas ia agora beber o sumo que queria atropelar o nosso Ronaldo… Só se fosse maluco…”.
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